13 de novembro de 2008

O filme: O quarto poder

O filme conta a história de um repórter sensacionalista que está na hora certa e no momento certo para sua grande notícia: a invasão de um ex-funcionário em um museu, lotado de crianças. O funcionário, tem por objetivo reivindicar seus direitos como trabalhador à diretora do museu, que o demitiu. Por sede de notícia o repórter manipula e, de certa forma, ajuda o ex-funcionário ingênuo a conduzir seus atos nessa reivindicação.
O grande objetivo do filme é mostrar a falta de ética dos veículos jornalísticos e a capacidade que os mesmo têm em criar, manipular e conduzir a opinião pública.
Desconsiderando a deontologia de sua profissão, os jornalistas editam fatos importantes que podem inocentar o acusado; criando ora aceitação, ora recusa dos telespectadores.
O título do filme não poderia ser diferente, diante dos três poderes: legislação, judiciário e executivo, a mídia é considerada como o quarto poder (senão o primeiro) pela capacidade de julgar, condenar e absolver alguém, seja ela inocente ou culpada, tenha ela cometido algo ou não. Criam opiniões públicas, modificam comportamentos, fazem um julgamento antecipado dos fatos, antes mesmo dos primeiros três poderes fazê-lo.
A missão dos jornalistas é informar, de forma ética e honesta, a realidade dos fatos. Porém, no filme fica claro o poder da mídia, em construir e destruir a imagem de alguém, não se importando com as conseqüências que isso irá causar na vida da pessoa ou na sociedade.

Consumismo Infantil


Analisando o documentário que assistimos em sala, “Pequenos grandes consumidores”, que mostra o o fenômeno mercadológico que a mídia cria nas crianças, não poderia deixar de citar a publicidade da boneca Barbie. Com seu slogan, desde os anos 60, “TUDO QUE VOCÊ QUER SER”, a boneca com seu corpo escultural, seu longo e brilhante cabelo louro e seus olhos esverdeados, sem dúvidas é o que toda criança quer ser. Com esse falso sonho, transmitido em propagandas, a indústria de brinquedos até hoje lucra milhões com sua venda.
Existem também os desenhos animados, que além de vender seus produtos como: brinquedos, roupas, acessórios, figurinhas, material escolar, entre outros, transmiti ora mensagem de conforto, ora mensagem de independência infantil.
Nos anos 80 e 90, onde as mães precisaram sair de casa para trabalhar, com o objetivo de ajudar nas despesas do lar, tentar manter uma boa estrutura financeira aos filhos e, também, criarem sua independência conjugal. Nesta época foram exibidos muitos desenhos que mostravam crianças sem pais, os desenhos dos ursinhos carinhosos e as moranguinhos é um exemplo disso. Não existia a figura dos pais, exibiam apenas uma comunidade feliz onde a irmandade imperava, sempre lutavam com pessoas do mal, mas sozinhos, sem um adulto para defendê-los, eram auto-suficientes, não precisam deles.

Assim, esses desenhos confortavam a ausência dos pais, principalmente a mãe, e criaram (automaticamente) a dependência dessas figuras. As crianças suprem suas carências e necessidades consumindo os produtos infantis para criarem a coragem e independência que os ursinhos, as moranguinhos e tantos outros desenhos passam.

A arte de informar

O jornalista Ricardo Noblat, em seu livro "A arte de fazer um jornal diário", afirma que o jornal não serve somente para informar, é um serviço público onde o leitor possa entender a verdade das notícias, fortalecendo sua democracia. Aborda queixas dos leitores de jornais impressos como: formato, abordagens e valores desse meio de comunicação.
O autor informa que os veículos jornalísticos impressos poderão acabar num futuro próximo, por manterem uma tradição e por não acompanharem as necessidades de seus leitores. Essas empresas preocupam-se com o avanço tecnológico dos equipamentos e não qualificam seus profissionais, os jornalistas. Esses profissionais são contratados cada vez mais jovens e inexperientes e, não fosse sua má remuneração, são sobrecarregados de responsabilidades e exaustivas jornadas de trabalho. Classifica quatro deveres dos jornalistas: a verdade, a independência, o partido pelos cidadãos e sua própria consciência. Porém, sabe que assim como não existe verdade absoluta, a notícia e espetáculo público se confundem, empregam técnicas de show para construir uma “falsa” realidade, garantindo audiência e vendagem de quem informa.
Citando vários fatos jornalísticos, Noblat enfatiza a ética da profissão e a apuração das informações em se noticiar um fato. Entre vários palpites para executar a arte de escrever um jornal diário, o livro não é somente uma obra literária, é um manual para que os jornalistas reflitam sobre a profissão escolhida e o futuro do jornalismo.

O certo que foi ridicularizado


Como todo domingo rotineiro, sentada em minha cama e afagando minha gata, resolvi ler o caderno da folha de São Paulo interessada na reportagem da capa: os prédios abandonados em São Paulo.
Uma tristeza só, tantas pessoas precisando de moradias e essas construções vazias, pensei. Muitas pela burocracia brasileira, outras pelo egoísmo de seus proprietários.

Enfim, domingo gostoso, entardecer ensolarado, anunciando a chegada do tão querido verão, continuei folheando a revistinha semanal, pensando já ter lido a parte ruim do nosso cotidiano. Coitados dos meus olhos, do meu cérebro e da nossa querida Língua Portuguesa de outrora, “levaram o Aurélio e as gramáticas pra bem longe do Brasil”, gritei. Não sei se ri ou se chorei, mas foram minutos de indignação misturados com ironias.

A pequena notícia que trazia o título “No vestibular, regras serão facultativas”, informava que em janeiro de 2009 o novo Acordo Ortográfico, sancionado pelo presidente Lula ("sem comentários"). Com intuito de mostrar o antes e depois das palavras e das regras gramaticais a revistinha semanal mostrava a diferença das palavras, que ao longo dos meus 30 anos aprendi a escrever. Voltei a pensar: "lá vou eu me matricular na primeira sério do ensino fundamental para tentar escrever errado."

O sol do domingo acabou, fui dormir, cansada de notícias ruins e com aquela péssima sensação de “lá vem a segunda-feira, o dia chato pra começar a semana”. Eu nem sabia que, de fato, o dia seria monstruoso e que a nova regra gramatical seria tão bem aceita e rápida em sua chegada, não teve tempo nem de aceitar minhas boas-vindas.

Segundona, trânsito, gente estressada (inclusive eu), papéis e mais papéis em cima da minha pequena mesa, telefones tocando desesperadamente, clientes, colegas de trabalho, ufa, olhei o relógio e sorrindo sussurrei: “Uau, está chegando a hora do almoço, lá vou eu me divertir um pouquinho."
E lá fui eu, restaurante cheio, fila, comida estranha, mas até ai tudo bem, isso já é rotina. Pior foi ver o chefe, sentado numa mesa escondidinha, abanando a mão pra chamar a atenção, até parecia um “marronzinho da CET”. Conclui com os meus botões, “já era almoço, sossego e paz de espírito”.

Como era de imaginar nosso assunto principal foi “trabalho”. Comi tão rápido, pensando em sair logo dali, que não sei como não engasguei. De praxe, pedi o gostoso cafézinho pra finalizar o meu fiasco de almoço. O garçom, todo simpático, trouxe a xícara com aquele líquido cheiroso e o açúcar, mas esqueceu a colher. Ah!!! famosa colher.

Pedi ao simpático e humilde garçom: “O senhor pode trazer a colherinha?”. Nesta hora percebi um sorriso tolo no rosto do meu amado e querido chefe, mas não entendi o gesto.

Dois, três ou até quatro minutos passaram-se, nada do pequenino metal chegar para adoçar meu café e me tirar daquela cena entre almoço chato, chefe chato e segunda-feira chata. Foi quando, com uma ironia displicente e desnecessária, meu chefe resolveu abrir a boca dizendo (ou seria latindo):
- Se você tivesse pedido uma colherzzzzzzzzzinha ele já teria trazido, mas você pediu errado e ele esqueceu.

Na hora pensei em fechar a mão e exercitar um pouco de esporte na face daquele sujeito, esse mesmo - o meu querido e amado chefe - mas me contive, apenas fiquei calada e aguardando a colher. Desisti, o coitado do garçom tinha mesmo esquecido o meu pedido e meu café já estava gelado mesmo.

Voltei pra masmorra e trabalhei o resto do dia indignada, não por meu chefe ter falado errado, mas pela grosseria de achar que o errado virou certo.

A noite, novamente na minha cama, com a minha gata que nada fala (assim não erra), pensei sobre o que havia ocorrido desde a notícia do novo Acordo Ortográfico até a indelicadeza daquele que paga o meu salário. Pensei: “Não tem pobrema, agora a gente podemos falar e excrever errado mezmo”, sorri com o meu pensamento e adormeci.