29 de maio de 2009

Operação aborto: sem preconceito

Há poucos meses um fato chocou o país. Uma menina de 9 anos, molestada por seu padrasto, engravidou e o aborto foi realizado como proteção à sua saúde. Porém, a gravidez e o aborto não foram as cenas mais confusas desta história.
O conflito entre a razão, moral e religião atinge o estomago de muitos, inclusive o meu. A igreja católica excomungou a mãe da menina e a equipe médica que realizou (legalmente) o aborto. A equipe agiu de forma ética protegendo a saúde da garota, que não tinha estrutura física para gerar os filhos, sim, estava grávida de gêmeos.

Engraçado como só questionei meus conceitos conservadores e tradicionais depois deste caso.

Desde adolescente sempre tive uma opinião formada em relação a ser mulher. Era tão óbvio a cronologia e conceito de felicidade feminina, bastava namorar na adolescência, casar quando adulta e, alcançar o ápice do bom êxito: ser mãe.

Assim como era claro minha opinião em relação ao aborto. Sempre fui contra e nunca parei para refletir sobre as diversas situações que rodeiam essa opção. Até nisso me confundia, afinal o aborto nem sempre pode ser opcional, ele pode ser necessário ou até mesmo espontâneo, daqueles que ninguém quer, escolhe ou decide.

Tentei formar o conceito, agora embaralhado, sobre o tema. Levantei os prós e os contras. Lembrei das diversas matérias lidas sobre abandono de crianças em orfanatos, ruas e esgotos. Assim como não dá pra deixar de citar o estupro covarde de tantas mulheres, que além do sofrimento físico da agressão, tiveram a grande missão de decidir ser mãe (ou não) nesta situação. E tem aquelas que, naturalmente, interrompem o ciclo da felicidade feminina, perdendo o bebê durante a gestação.

Foi nesta nostalgia de lembranças que percebi o quão meus julgamentos são falhos e contraditórios.

Ao mesmo tempo que ainda sinto repulsa pelo abandono de crianças, penso na falta de recursos para criar e sustentar uma decisão. São tantas as meninas-mulheres que se relacionam sexualmente sem ter tido um aconselhamento sobre a importância do ato, tantas outras meninas-mulheres que sabem o que estão fazendo e optam pelo aborto com frivolidade, sem contar aquelas que permitem o “não” uso da camisinha, temendo a perda do namorado ou da paquerinha tão almejada. São tantos outros casos que talvez eu nem tenha conhecimento.

De qualquer maneira cheguei a poucas conclusões sobre o aborto, apenas que não posso julgar sem ter passado por qualquer situação onde eu teria que escolher entre o sim e o não. Os julgamentos são lapidados ao longo dos anos. O ser humano é mutante em todos os sentidos, desde os que julgam aos que realizam.

21 de maio de 2009

A decisão da existência


Alguns se apegam na ciência, outros na religião. Porém, muitos utilizam os valores e princípios morais para opinar ou decidir sobre a vida
O tema “aborto” ainda causa dúvidas. Poucos conseguem discernir os prós e contras de uma decisão importante, frágil e existencial.

Não existem estatísticas exatas que comprovem o número de abortos executados no Brasil. Acredita-se que, anualmente, um milhão de mulheres realizam esse procedimento legal ou clandestinamente.

O aborto no Brasil só é permitido em casos de estupros ou risco de morte da gestante. Conforme estatística da revista época, de 2006, apenas 55% da população sabem da lei. Essa falta de informação misturada a princípios religiosos e valores morais ainda causam confusão ao abordar esse tema.
Até mesmo entre grupos acadêmicos a discussão é acalorada e temerosa.

Na última quinta-feira os alunos de jornalismo, das Faculdades Integradas Alcântara Machado - FIAMFAAM, abordaram o assunto com dois grupos definidos.
Os que opinaram a favor do aborto usaram o livre arbítrio como argumentação, afirmando que o indivíduo responde por seus atos. De contrapartida, os que são contra alegaram que a existência humana não pode ser decidida por outra pessoa. “O brasileiro não tem maturidade para lidar com a liberação do aborto”, defendeu o grupo contra.
Assuntos como adoção, traição e punição fizeram parte da discussão na sala de aula. Por fim, entre a razão e a religião, todos foram unânimes em relação ao uso da camisinha e de contraceptivos, que pode prevenir o problema ao invés de matá-lo.